Quais são as necessidades reais de cada indivíduo quando se eliminam os condicionamentos impostos por terceiros, os adquiridos do cotidiano ou ainda aqueles trazidos do passado?
Do que precisamos de fato para sermos mais felizes e, a partir daí, tornarmo-nos mais eficientes na compaixão, no amor desinteressado, na ajuda indiscriminada sem tempo e espaço, enfim, em nossa interferência no universo?
Afinal, do que se compõe a felicidade?

As várias facetas da felicidade

Alguns diriam que felicidade é bem mais que um amor e uma choupana, mas, com certeza, há quem defenda essa tese de forma apaixonada. Outros, quem sabe, afirmariam que para se alcançar a tal felicidade é preciso uma família bem estruturada, com filhos e tudo mais que se acostumou a pensar nesse sentido enquanto que, para outros, os amigos são tudo, o que lhes basta.
Haveria ainda quem defendesse uma estabilidade econômica e uma boa conta no banco, mas, para muitos, isto é uma bobagem quando se enumera os itens do bem viver.
E não se poderia esquecer, é claro, a importância do item religiosidade, que uma multidão de incontáveis seres colocariam em primeiro lugar de sua lista, sem pestanejar. Todavia, também existem aqueles que desdenham das divindades, por diferentes razões.

“Meu Deus é melhor que o seu”

E se enumerássemos cada uma destas questões veríamos que todas são multifacetadas, isto é, se desdobram em mil diferentes aspectos. Nos temas religiosos, por exemplo, existem os que acreditam em reencarnação e mostram números entre povos e raças para defender o que acham lógico, enquanto outros creem ser essa tese inadmissível. E o que é pior, geralmente, todos discordam e também defendem seus pontos de vista usando os mesmíssimos argumentos.
Se tomássemos como parâmetro um universo menor, como a cristandade, por exemplo, veríamos que parte dela defende vida única e a recuperação do corpo no fim dos tempos; outra parcela discorda disso e outra ainda acredita na sucessão de vidas. Existem cristãos romanos, ortodoxos, cooptas, anglicanos, espíritas, evangélicos e por aí vai. Quer dizer, mesmo numa fé protagonizada por um mesmo messias, não há consenso.

Liberdade ou condicionamento

Isso tudo representa liberdade ou apenas diferentes condicionamentos?
Em todos os itens aqui lembrados e num sem número de outros dos quais se compõe a vida, esta parece ser a grande questão.
Costumamos fazer escolhas sem atinar para o que realmente necessitamos. Na maioria das vezes somos influenciados pelo meio onde crescemos e vivemos. Por exemplo, como querer que um cristão nascido no oriente médio siga os rituais romanos? Ou que um árabe não siga o islamismo? Embora pareça nítida a interferência do ambiente e da família, não deixa de ser um condicionamento.
Poderiam ambos, depois de crescidos, fazer diferentes escolhas? A resposta provavelmente é sim, mas isso dependeria da conquista da liberdade. Que por sua vez depende de discernimento, como por exemplo:
“O que de fato é bom ou faz sentido para mim? ”
Uma crença é melhor que a outra? Obviamente que não. Afinal, quantos deuses existiriam? O consenso nesse quesito parece dizer que é um só. Ainda assim dificilmente dá-se passos para fora do habitual. A falta de escolha, a acomodação ou resignação dentro de qualquer ritual, depende apenas do que se espera ou pretende e ainda do tipo de recompensa terrestre ou celestial que cada fiel estaria acostumado a acreditar.

Dolorosas zonas de conforto

Mesmo fora de um exemplo religioso, de fácil entendimento, isso se aplica à todas as nuances da vida. O ser humano não gosta de sair de sua zona de conforto, preferindo pensar menos, ousar menos, se expor menos, mesmo quando é pouco feliz, mas não abandonar seus costumes, hábitos, julgamentos, manias, crenças, expectativas, medos e, por conseguinte, suas necessidades.
Para descobrir o que realmente cada um necessita, ao invés de correr sem tréguas atrás daquilo que alguém, em algum tempo, disse que é o melhor, é preciso parar e pensar:
“Preciso mesmo disso tudo? Preciso deste modelo de carro? Gosto deste Deus desse jeito? É nisso que acredito? É assim que quero viver a vida? ”
E caso se consiga perceber um novo caminho, mais lógico, mais pessoal, mais de acordo com a própria personalidade, se faz necessário avaliar o que pode e precisa ser deixado para trás. É quase uma troca, começando por deixar para trás alguns defeitos, especialmente aqueles dos quais já temos consciência e depois também deixar de lado o medo das avaliações, o medo do que os outros vão pensar. Aquilo mesmo que cansamos de fazer quando o problema nem era da nossa conta.
Além disso é sempre preciso estar preparado para novas batalhas, novas buscas, até achar o que é nosso. Uma jornada interessante até se encontrar mais paz e se descobrir vivendo de forma mais plena, mais livre e mais contributiva com o universo. Isso se traduz naquilo que costuma se chamar de felicidade verdadeira.
Por que não tentar?

Resumo:

– para descobrir suas reais necessidades o ser precisa sair de sua zona de conforto onde tudo lhe é familiar

– se faz necessário aprender a pensar pela própria cabeça e perceber seus condicionamentos

– ou o ser assume a felicidade relativa e para de reclamar ou se lança atrás de outro tipo felicidade, mais trabalhosa num primeiro momento, mas mais plena e perene logo a seguir

 

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