Estou falando com você!
Quando lemos este tipo de post temos por hábito sair dando tratos à memória procurando quem se encaixaria no perfil em questão, esquecidos que podemos ser nós mesmos. Apontar, criticar, todavia, é sempre mais fácil e confortável, pois nos afasta de quem somos. Se o outro é o problemático, sobra um espaço enorme para sermos perfeitos e maravilhosos. Ou pelo menos para vendermos essa imagem.
Na roda da vida sofremos demais. Nosso maior sofrimento costuma passar pela frustração e a consequente irritação que ela traz. Dizemos sempre que a vida pode ser impiedosa e nos entristece com seus percalços.
Não é bem assim que deveríamos nos colocar. Apesar de lidarmos com tantas injustiças e perdas, entre muitos acontecimentos desagradáveis, a reação que a vida com frequência nos provoca de fato é raiva, na medida que não atende nossas expectativas.
Nossos sofrimentos
É o emprego perdido, é o marido que vai embora, é a criança birrenta, é o assalto, é a corrupção, é a casa desarrumada, é o filho que não vai bem na escola, é o dinheiro curto no fim do mês. Tantas pequenas coisas. Algumas grandes e que parecem insuperáveis, como a morte, por exemplo.
“Fulano morreu! Você não viu? ” _ grita logo alguém reivindicando o direito de sofrer a alguém que chora há meses.
Sim, mas morte faz parte da vida e não aconteceu de propósito para nos fazer sofrer.
Preferimos, até por hábito, nos dizer tristes e continuamos, dia após dia, a procurar mil e uma soluções, algumas mágicas e até fantasiosas; no geral todas vindas de fora para dentro, esquecidos que cada um de nós é, ou deveria ser, responsável pela própria felicidade.
É preciso se descobrir no hoje
Ser responsável significa, antes de mais nada, nos descobrir no hoje. O ontem já passou e o amanhã é apenas uma incerteza.
Qual é a nossa essência mais profunda que tanto nos faz sofrer? Seríamos egoístas ou intolerantes dando largas à nossa agressividade quando confrontados? Prepotentes ou vaidosos quem sabe, vivendo num mundo de fantasia onde todos deveriam concordar conosco sem pestanejar? Teríamos dificuldade para aceitar o que não pode ser mudado naquele instante quando nos entregamos à depressão e perdemos a capacidade de resignação? Seríamos invejosos com os olhos sempre espichados para o que achamos ser a felicidade do outro?
De certa forma a vida é igual para todos, mas parece que não nos damos conta disso. A dor é universal, travestida nas mais diferentes alegorias. O que muda é a maneira como a encaramos.
Sofremos inutilmente
Gritar ou chorar não resolve nossos problemas; nossas chances de felicidade diminuem ainda mais quando não nos identificamos. Não saber quem somos nos atira num limbo, num vácuo, num nada. Deixamos de ser alguém e nos tornamos uma coisa amorfa e manipulável. Quer pelas circunstâncias, quer pelas pessoas, quer por nossas próprias loucuras.
Sim, porque sofrer inutilmente, já que passar ou causar dor não é solução, beira as raias da loucura. Todo sofrimento que se arrasta e prevalece para fora do tempo comum aceitável do senso comum, denota uma incapacidade do ser de lidar consigo mesmo. E isso só acontece quando não temos ideia do que provoca nosso sofrimento de fato; nos agredimos e, por tabela, também aos outros, os mais próximos geralmente; colocamos então nossa felicidade nas mãos do desconhecido e passamos a depender da vida, do outro ou de um milagre que venha aplacar nossa agonia, nossos vícios, nosso desânimo, nossa irritação. Enfim, nossas raivas.
Tire a máscara que esconde você de você mesmo
A única solução é retirar a máscara atrás da qual nos escondemos por toda a vida. Ou até mesmo as máscaras, pois muitos de nós têm uma para cada ambiente ou situação. Somos bonzinhos, prestativos, esforçados, delicados, vitimizados, doentinhos, rudes, altivos e sabe-se lá qual outros disfarces colocamos.
É hora de nos apresentarmos a nós mesmos sem vergonhas ou culpas. Olhar nosso rosto cheio de cicatrizes e passar a cuidar de cada uma delas agora, no dia de hoje, sem esperar que alguém traga o remédio. Fazer a nossa modificação, profunda e permanente.
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