Onde tudo começa
Deu-se o nome de síndrome do pânico a uma série de sintomas e sinais, semelhantes em muitas pessoas, simplesmente por absoluta ineficiência na observação de suas origens. Ela nada mais é que uma depressão disfarçada, pois as pessoas têm o mesmo tipo de personalidade, isto é, a tendência a querer que tudo seja do seu jeito.
Nesse modelo de entendimento voltamos sempre ao mesmo ponto, isto é, será que temos mesmo uma consciência clara de quem somos? Como nos comportamos frente às dificuldades da vida? Qual é o nosso temperamento, isto é, como lidamos com as frustrações do dia a dia?

Frustração X irritação
Tanto na depressão como na chamada síndrome do pânico nos frustramos em diferentes intensidades e tons, não apenas com as coisas da vida, mas também com as pessoas, que nem sempre atendem nossas expectativas ou se comportam como gostaríamos. Nos esquecemos que nem o mundo e nem as pessoas estão aqui para atender as nossas expectativas, mesmo quando, ocasionalmente, estejamos cobertos de razão.
A partir daí nos irritamos, também em diferentes magnitudes e, com o tempo, com outros desfechos, isso vai se transformando, inconscientemente, num sofrimento mal compreendido e, aparentemente, sem causa. Uma vasta gama de problemas, como ansiedade ou depressão, sintomas psicossomáticos ou obsessivos, medos irracionais, entre muitas outras possibilidades, podem ocorrer. Cada um por um caminho específico, pessoal. Mas todas com o mesmo ponto de partida: nossa prepotência. Essa mania de querer que os outros pensem e se comportem pela nossa cabeça, mesmo desconfiando, obviamente, que isso jamais acontecerá.

Quem somos nós?
Somos indivíduos, na maioria das vezes, sem consciência de nossa situação, com histórias e propostas diferentes. Cada ser está tão ocupado cuidando de sua própria vida, com suas próprias dificuldades, que quase não sobra tempo para observar os desejos ou eventuais sofrimentos do outro. Quanto mais atender suas vontades e expectativas. Não que isto esteja totalmente certo ou errado, mas você mesmo já parou para se perguntar se costuma fazer isso? Deixa de lado seu jeito de ser ou fazer as coisas para passar a fazer o que outro quer ou acha melhor? Claro que não. Então por que ficamos exigindo tal comportamento dos outros?

Vítimas ou intrometidos?
De qualquer maneira, o que se percebe é que na depressão, por exemplo, muitas vezes achamos que estamos tristes, quando, no fundo, existe uma impaciência ou até mesmo uma raiva subjacente pelas coisas não atendidas, digamos assim. É tudo muito sutil. Choramos. Muitos desistem.
Na síndrome do pânico, a partir da mesma frustração, que começa pelos mesmos motivos da depressão, a modificação dos sintomas subsequentes se dá quando ela acontece no indivíduo que tem uma capacidade inata de expandir sua consciência, digamos assim. Esse modelo de entendimento é interessante, pois se trata apenas daquele ser que consegue captar pensamentos ou sofrimentos de outras consciências disponíveis no universo, o que, aliás, é um fenômeno muito comum.
Todavia, não seria melhor dizer, se intrometer onde não foi chamado? Pois o faz de forma inconsciente e desordenada em função da irritabilidade, cuja intensidade o faz perder o controle de si mesmo, do aqui e do agora. A partir daí pode existir uma movimentação, também inconsciente, de suas próprias energias físicas, gerando sintomas dolorosos como falta de ar, aperto no peito, vômitos, tonturas, sensação de desmaio, etc. Esse sofrimento deflagra uma elaboração incontrolável de seus próprios medos ocultos, de forma dramática, morrendo mil vezes a cada dia. O mecanismo e a dor subsequente, portanto, vêm de dentro para fora.

Diferentes modelos de entendimento
Algumas religiões apresentam outros modelos de entendimento como, por exemplo, colocar este indivíduo quase que na categoria de vítima, acossada por entidades maléficas desejosas de vingança. Seria então apenas um médium desequilibrado. Entretanto, neste modelo, a pessoa precisaria acreditar nisso para tentar sua recuperação. O indivíduo está sendo atacado; alguém lhe passa intuições negativas; alguém manipula seu ectoplasma, etc. E, como se sabe, da vítima não se espera mesmo nenhuma ação.
Já alguns cientistas acreditam que os sintomas são causados, principalmente, por um desequilíbrio bioquímico. Seria, mais ou menos, como afirmar que ao encontrarmos, por exemplo, uma cobra no meio da sala, o sobressalto e o medo fossem causados por uma descarga de adrenalina e não o contrário. Durante décadas observou-se pessoas defendendo argumentos indefensáveis do tipo: o desequilíbrio desta ou daquela substância é a causa da depressão, do transtorno obsessivo, do pânico, da psicose e de outras tantas dores emocionais. Infelizmente o tratamento segue o paradigma inicial de acrescentar a substância que estaria faltando em vez de dar profundidade ao estudo da personalidade individual. E por essa razão, quando a medicação é suprimida, mais cedo ou mais tarde, os sintomas voltam.
Em ambos os modelos, tanto o mecanismo quanto a dor subsequente, vêm de fora para dentro, assim como o tratamento.

Conclusão
O caminho para a cura não é simples porque além de existirem diferentes modelos de entendimento, a cura definitiva sempre implica em sair da zona de conforto e abandonar determinados padrões de comportamento, especialmente aqueles usados para nortear as reações do ser frente aos meandros da vida, desde o começo de sua jornada. Por alguma razão aprendemos a lidar com a vida desta ou daquela maneira e seguimos repetindo o mesmo modelo. Não prestamos atenção.
Abrir mão de algumas inutilidades que estão dentro de nós faz parte desse processo. No caso, teimar ou insistir que o mundo e as pessoas têm que se comportar de acordo com o nosso jeito de ver as coisas. É imprescindível que o indivíduo se desapegue de algumas posições arraigadas que desaguam em intensa e sistemática irritabilidade, onde tudo começa. Basta refletir com honestidade.

Resumo:
– síndrome do pânico nada mais é que uma depressão florida por sintomas diferentes; as origens são as mesmas: ambas começam com nossa tendência de querer tudo do nosso jeito e a subsequente irritação que isso causa, já que ninguém está nem aí para o que a gente acha ou quer

– diferentes modelos de entendimento vão de propostas bioquímicas a obsessões espirituais, complicando ainda mais as coisas, posto que limita-se o número de indivíduos que poderiam se beneficiar; parece-nos bem mais simples resolver o problema de dentro para fora
– principais sintomas, como abrupto mal estar físico e ideações quase delirantes sobre morte iminente, em especial, causam pavor intenso, de onde vem sua denominação, equivocada a nosso ver

 

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