A natureza esquecida
Muitos de nós não compreendem, em toda a sua magnitude, o que está acontecendo no planeta neste momento e, em sua ignorância ingênua, sofrem menos ou até mesmo quase nada com os problemas do universo.
De fato, suas pequenas preocupações na vida são de outra ordem. Sequer vislumbram esse tal universo que muitos prezam tanto.
Esta é a verdade do ser humano médio; permanece mais ou menos fechado em seu pequeno mundo, sempre colocando num segundo plano os acontecimentos que pensa não lhe dizerem respeito.
Passa a vida a correr atrás de seus desejos e necessidades eleitas, no frenesi característico do homem condicionado à sociedade na qual está inserido.
Uma interessante maneira de sobreviver, não resta a menor dúvida.
E por isso mesmo, como ousar querer que este ser humano compreenda a natureza e sua posição quase inexpressiva dentro dela, se seu mundo gira apenas em torno de si mesmo? Como querer que ele aceite que podemos ser apenas um com o universo?
As palpitantes controvérsias
“Ah!” _ diriam os eruditos _ “Precisamos salvar esse pobre homem das trevas que o cegam para as verdades óbvias que impedem sua felicidade real”.
Mas, salvá-lo de que, se tudo não passa de um instante?
A arrogância dos novos sábios, escondidos atrás de discursos convidativos, especialmente nestes tempos de mídia fácil, atrás de facetas de bondade ou de dogmas religiosos ou ainda de fórmulas mágicas de alegria, os faz achar que são melhores ou que sabem mais que os outros. Os faz pensar que são condutores infalíveis para os caminhos da luz, da paz ou da felicidade, esquecidos que cada ser tem o seu próprio ritmo, suas próprias necessidades e seu modo peculiar de enxergar a vida.
Afinal, em qual pedra está gravada a inscrição de que o que é eventualmente bom para uns é também bom para os outros?
Como nos atrevemos a querer determinar o lugar, o tempo e a hora em que cada um deverá perceber que ele não é de fato tão importante assim, se na sua mente o mundo gira placidamente a seu redor? Se em suas convicções mais sutis, ele exige a continuação da vida como a conhece e não existe nada além de um eu fortemente agarrado à continuação de um ego ou de uma personalidade?
Vidas entrelaçadas
É verdade que, muitas vezes, parece mesmo que o homem se esquece de ser coerente ou até mesmo de pensar. Se esconde atrás de falsos medos ou de falsas convicções que costumam excluir a felicidade dos outros seres de suas preocupações mais imediatas. Como se a vida no universo não estivesse toda conectada.
Medo de faltar tempo para sua própria vida caso seja mais empático ou solidário com as necessidades alheias ou quem sabe a convicção conveniente que não deve se meter na vida dos outros ou nas causas sociais, porque isso é tarefa do governo ou dos santos, dos guias ou quem sabe ainda dos filantropos de plantão.
Não mexe um dedo para nada que está quase ao seu lado. O que dizer então sobre as coisas que estão do outro lado do mundo?
Um tal senso comum que permite, por um emaranhado de razões bem engendradas, que nem mesmo as incontáveis dores que se avolumam a um palmo de nosso nariz sejam suficientes para nos fazer despertar e compreender a pequenez de nossas vidinhas frente ao resto do universo; insuficientes para nos afastar um milímetro de nossos sonhos, para agora ou para depois da morte.
A roda da vida
Poucos aprendem a contribuir sem esperar a retribuição, nem que seja dos céus ou nos céus. São sempre os nossos sonhos, as nossas expectativas, as nossas vidas, os nossos desejos disto ou daquilo. Enquanto estivermos tomados pelos desejos não vamos compreender a verdadeira divindade.
Pobre homem perdido em seus inocentes desvarios. O que mais precisará acontecer nesta roda da vida para ele um dia, enfim, despertar? Despertar e compreender que somos apenas todos um e não há, como muito já foi dito, maneiras de apreciar as mãos bonitas e bem cuidadas quando os pés estão doloridos e cheios de feridas.
Mas, os eruditos que nos perdoem, pois ao mesmo tempo que estas coisas parecem tão simples e verdadeiras, não se pode forçar a natureza humana. Não há como encontrar eco dentro de uma alma que ainda não está pronta para enxergar, servir e passar. Se esta alma cuidar, com bondade, ao menos do que acredita ser ela mesma, o universo já agradecerá.
Já a felicidade dá ares de ser ainda uma questão individual.
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Justamente, o texto busca nos fazer refletir sobre nosso próprio adormecimento.
O objetivo do texto é nos proporcionar o momento para pensarmos se queremos chegar a algum lugar.
Ele nos coloca diante da responsabilidade íntima de decidir por conta própria, e não simplesmente pelo motivo de o texto dizer “faça isso ou faça aquilo”.
Não chegou a lugar nenhum.