O rotular sistemático
Somos geralmente ágeis em distribuir carimbos para as coisas que não compreendemos muito bem, que nos assustam ou quem sabe nos incomodam. Do alto de nossa arrogância temos dificuldade em perceber nossa ignorância sobre as dores humanas, especialmente as emocionais, que poderíamos também chamar das dores de nossas almas.
E, dentre elas, a psiquiatria tradicional computa entre as mais graves as chamadas psicoses. A mais comum entre elas o tempo determinou e concordou em nomear como esquizofrenia, em suas diversas apresentações.
Assustador e estigmatizante
Doença? Será?
Como em todas as dores emocionais graves percebemos que o “adoecer”, este rótulo, é apenas uma forma para os que estão do lado de fora tentarem organizar o inusitado, o diferente, aquilo que foge ao senso comum. E nada mais diferente que um conjunto de sintomas que torna a pessoa estranha e, aparentemente, vivendo no mundo da lua, na maior parte das vezes.
Mas, quando se trata da alma humana, a psiquiatria tradicional, muitas vezes, tem levado uma surra, pois acostumou-se a classificar sem buscar ideias novas sobre as origens do problema (não mais tão novas na verdade) e medicar rapidamente sem buscar mais alternativas. Mesmo quando “o doente” não representa ameaça para si ou para os outros.
O resultado costuma ser o que normalmente se vê por aí: pessoas dopadas, incapacitadas e tidas como loucas.
O ser esquizofrênico
Ao carregar vida afora o peso dessa denominação, o indivíduo acaba sendo tido como um coitado. Todavia, o observador atento percebe rapidamente que isso não corresponde à realidade.
Três coisas chamam a atenção:
– a primeira é que, na maioria das vezes, o contador da história é um parente, que apresenta sua versão pessoal dos acontecimentos, sendo o indivíduo, o “louco”, mais ou menos ignorado. Perde-se assim a oportunidade de saber de fatos que poderiam ser relevantes.
– a segunda é a pouca garimpagem de um dado comum entre todos eles, que foi a época de aparecimento dos primeiros sintomas, geralmente antes do fim da adolescência. Esta condição precoce leva ao obscurecimento do temperamento original do indivíduo (na maior parte das vezes tratava-se de uma pessoa difícil, prepotente e agressiva, que queria tudo do seu jeito). Mas, como ele virou um “coitado”, isso foi esquecido ou jogado para baixo do tapete.
– e terceiro, pouco se pensa na possibilidade dessa diferença do comportamento usual ser também alimentada por conta de uma paranormalidade. Isto é, poder-se-ia dizer que a pessoa em questão teria uma capacidade, descontrolada em função de seu temperamento, de conectar-se com outras consciências disponíveis no universo, entre outras coisas.
A antiga “loucura” institucionalizada
Antigamente amarrados em suas camas e hoje ainda, muitas vezes, aprisionados sob o peso de psicofármacos limitantes, jazem pelos cantos da vida, impotentes e invisíveis.
Muitas vezes delirantes e alucinando (leia-se como alternativa: tomados por intuições negativas como os pacientes de TOC, já descritos nesse blog, e também por incursões paranormais de onde trazem impressões visuais e auditivas), caem nessa rede de distúrbios, como já foi dito, por conta de suas raivas e depois, num segundo momento, de seus medos, num círculo contínuo de dor. Sem saber o que é ou não real, sem informações ou alternativas e, principalmente, sem ser ouvido, o desespero se faz companheiro de todas as horas. A vida real já não existe mais, pois ele passa a estar por demais ocupado administrando seu mundo interior, cheio de assombrações assustadoras, medos de todos os tipos e percepções sensoriais aterrorizantes (visões, vozes, etc).
De volta à vida
Se você é o parente acima citado, considere a possibilidade destas afirmações serem reais. Se puder despir-se de eventuais preconceitos e tiver uma genuína vontade de colaborar, verifique quais destas descrições combinam com o que você costuma observar no dia a dia.
Comece por ouvir, por dar crédito, mas especialmente, assuma o papel do professor paciente e vá ensinando a diferença entre o presente e o passado (de onde poderiam vir as intuições negativas) e também a diferença entre este mundo de três dimensões e aquele acessado pela paranormalidade (de onde poderiam estar vindo as chamadas alucinações), no qual não podemos estar todo o tempo.
Não diga a ele que essas coisas não existem ou que isso é loucura. Não desqualifique o que ele vê só porque você não vê. Também não o trate como um coitado. Apenas ensine as diferenças e, principalmente, faça-o prestar atenção nelas e no próprio temperamento, ensinando como a irritação e a raiva abrem as portas, de forma descontrolada, para todo o sofrimento.
Resumo:
– o chamado esquizofrênico não é louco, mas tampouco um coitadinho
– o que se considera loucura pode ser fruto de intuições negativas do passado (os delírios), além de uma possível paranormalidade descontrolada (as alucinações)
– achar que ele é um coitado pode ser um engano; como seus sintomas começaram muito cedo, apenas não deu tempo dele dar largas a seu real temperamento (agressivo e prepotente)
– a função do parente responsável seria mostrar as alternativas, assumindo um papel de orientador confiável; compreende, ensina, não desqualifica, mas também não passa a mão na cabeça
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