Já ouvimos uma centena de diferentes razões e explicações para o motivo da passagem do homem pelo planeta. Algumas científicas, outras esotéricas e outras, a maioria de cunho religioso. Todavia, nenhum discurso supera o que nos é particular. Com a vida, sejamos ou não religiosos, terminamos por determinar uma verdade sobre nossa trajetória.
Mas, como determinar qual seria a melhor verdade quando nos propomos a escapar dos condicionamentos trazidos por nosso passado ou sugerido por terceiros?
Melhor verdade? Como assim? Verdade sobre determinado assunto não é ou deveria ser única?
A resposta mais simples seria apenas…. Não.
Verdade única e permanente não existe
Verdades nunca são completas, plenas ou eternas, pois somos seres em constante mutação, o que faz as verdades serem relativas ao momento. Ao aqui e agora.
Quando no conforto de nosso lar, quando a vida nos sorri, quando cercados de bons amigos, por exemplo, podemos ser extremamente fiéis e assíduos à determinada crença religiosa. Caso um baque verdadeiro nos assole, tirando-nos de nossa zona de conforto, podem surgir os impropérios e talvez a descrença do filho que se julga abandonado pela divindade. Isto é, nossa verdade se modifica.
Da mesma maneira quando o namorado, tido como maravilhoso, trai e abandona aquela que jurava amar. Ele deixa, obviamente, de ser tão maravilhoso. Ou ainda quando após um milhão de diferentes tentativas de iluminação, nada acontece. Métodos infalíveis foram usados e defendidos com paixão, um atrás do outro.
Somos donos de muitas verdades ligeiras, que vamos abandonando com a vida, com as frustrações ou com o crescimento.
Afinal, o que estou fazendo aqui?
Quando, num determinado momento da vida, o indivíduo começa a se questionar sobre o que o faz aqui de fato, a razão de sua existência, percebe que se tratando de verdades pessoais nem sempre elas aparecem facilmente. Costumam ficar escondidas, disfarçadas pelas nossas vontades, desejos, medos, apegos, teimosias e condicionamentos. Tomamos decisões em função dessas verdades momentâneas, algumas inclusive se refletindo em nosso comportamento, pois tentamos nos direcionar através delas. E muitas vezes sofremos sem saber a verdadeira razão de nossa dor.
O entendimento maior de nossa caminhada só surgirá quando admitirmos que somos seres imperfeitos e conseguirmos perceber que nossas verdades não são aquelas que gostaríamos que fossem, isto é, perfeitas e inquestionáveis. Porque se esta for a visão que temos de nós mesmos, já que somos um reflexo de nossas verdades, não estaremos levando em consideração que podemos ser egoístas ou fracos, entre tantas outras coisas menos lisonjeiras.
Precisaríamos ser mais humildes para encontrar nossas verdades mais profundas, aquelas que fazem parte do ser manifestado e não do divino e que, portanto, devem conter o bem e o mau que nos habita.
Se formos mais humildes saberemos com precisão, cada um a seu turno e à sua maneira, a razão de estarmos aqui, pois essa verdade, quando encontrada, é o único caminho para sermos felizes e encontrarmos soluções que nos permitam interferir no universo. Ninguém é capaz de tudo, mas ninguém é incapaz de contribuir com alguma coisa. A humilde verdade é o único caminho para a verdade.
A partir daí não importa a religião, crença ou a falta delas. Importa apenas o que descobrimos dentro de nós. Pois somente quando descobrirmos nosso lado negativo, sim, nós o temos, poderemos nos modificar e reconstruir. Pois é. Não somos santos, mas gostamos de fingir que somos.
Não corra atrás do impossível
E quando formos nos tornarmos verdadeiramente bons, repletos de compaixão e fraternidade, facilmente perceberemos que o homem nasceu para amar e não para se iluminar.
Parece que nosso objetivo não é a iluminação, sermos perfeitos ou nos mudarmos para o Himalaia e vivermos como budas e sim, ao existirmos no hoje acordados para nossas verdades, aquelas que traduzem quem somos, irmos melhorando um pouco por dia de forma criativa.
E que este é o caminho da felicidade real.