E acabamos sempre retornando às nossas expectativas

Voltando a pensar em quem somos nós, é fácil perceber que passamos a vida criando expectativas que alimentem nossas teses pessoais, isto é, as crenças que temos sobre a maneira como as pessoas ou o mundo deveriam se comportar conosco.
É uma armadilha inconsciente para que possamos expressar o que achamos da vida. São conclusões antigas, de outros tempos, geralmente sem embasamento racional ao senso comum no aqui e agora como, por exemplo, achar que parentes ou outras pessoas são ruins ou injustos para conosco, ou seja, vive-se com a decisão interna de ser uma vítima. Choramos, lamentamo-nos ou esperneamos.
E da vítima, como se sabe, nada se espera, a não ser que ela sofra mesmo. O benefício psicológico é alimentar a ilusão de que não precisa assumir qualquer responsabilidade por suas dores, o que não deixa de ser muito confortável.

Por que caímos a todo momento nessas armadilhas?

Somos induzidos à essas armadilhas mentais através de nossas emoções, geralmente aquelas que nos são mais habituais, pois é mais fácil perpetuar antigos padrões. Como não somos seres despertos ou verdadeiramente conscientes, não prestamos atenção no que sentimos de verdade.
No exemplo dado, existe uma reprodução automática de raiva frente às contrariedades. A falta de atenção, todavia, faz com que a pessoa, muitas vezes, não identifique o sentimento verdadeiro trazido pelo aborrecimento, isto é, a raiva. Da mesma maneira, ela tem dificuldade em perceber os sentimentos do outro sobre a questão e mesmo sua responsabilidade, pois, obviamente, as pessoas não estão no mundo para atender nossas expectativas.
A irritação, parceira habitual dos pensamentos não atendidos, faz com que ela caia na armadilha do recrudescimento da expectativa na qual vive e rotule seu mal-estar como tristeza, à qual, com o passar do tempo, chamará de depressão, sentindo-se uma vítima.
Afinal, é sua tese de vida: “Sou uma coitada mesmo. O mundo é um lugar ruim de se viver. As pessoas são más. Elas não têm empatia. ”
Tenta, continuadamente, encontrar desculpas ou culpados por suas dores.
Mas, por consequência natural, qualquer um que não lide com a realidade, com a verdade dos fatos ou não conheça sua verdadeira alma, jamais experimentará à felicidade real. Desta maneira, também jamais fará contribuições significativas ao universo.

Passo número 1 para a libertação: viver acordado no momento presente

Pensando nessas coisas, qual seria então o primeiro passo para sua libertação rumo à sua felicidade?
Simples: sugerimos que preste mais atenção às suas emoções, pois os falsos sentimentos trarão pensamentos enganosos que o tirarão do presente, que é, como já dissemos anteriormente, o único momento que você dispõe para construir sua felicidade. E quando isso acontece você começará a criar expectativas baseadas em verdades ilusórias, especialmente aquelas que se referem sobre a forma como as pessoas deveriam se comportar com você. Isso costuma ser uma postura exigente e improdutiva. Pode nos tornar algozes ou vítimas.
Funcionamos mais ou menos numa espécie de piloto automático e somente quando tivermos uma percepção mais apurada de nossas emoções e pensamentos estaremos vivendo mais próximos da realidade no aqui e no agora.

Se ninguém liga para suas queixas é porque você vive no passado

E quando lhe parecer que ninguém liga para o seu sofrimento, desconfie de imediato que ele deve estar ancorado numa falsa emoção, já que estas não contagiam as pessoas à nossa volta. Especialmente aquelas que o conhecem muito bem: os familiares.
E é sempre bom lembrar que as falsas emoções estão, por sua vez, baseadas em pseudoverdades ou em lembranças antigas. Como se vê, voltamos sempre ao ponto de partida, isto é, a necessidade de descobrirmos quem somos hoje.

Procuramos sedativos ou cura?

Outra coisa importante para nossa felicidade é decidirmos se nosso objetivo é aliviarmos nossas dores ou nos libertarmos delas. Não é difícil perceber que são coisas bem diferentes.
No processo simples de amenização da dor emocional encontraremos mil e um modos, sistemas e promessas diferentes. Curadores de todos os tipos, meias verdades, medicações, etc.
Mas, se o objetivo é a verdadeira libertação dos grilhões que escravizam nossa alma, somente nossa modificação poderá promover o primeiro passo rumo à felicidade real. E essa mudança começa por percebermos, identificarmos, o que precisa ser modificado, encarando de frente quem realmente somos. O que faz ou não sentido nesse mar revolto de pensamentos e emoções que assolam nossa consciência, o que inclui nossos muitos defeitos, verdadeiras usinas geradoras de dores intermináveis.
Se você não estiver desperto e acordado, jamais perceberá quem é e muito menos o que precisa modificar-se para ser mais feliz.
A conclusão deste primeiro passo é a seguinte: o que você está disposto a fazer pela sua felicidade?

 

Resumo do 1º passo

– passamos a vida criando expectativas que nos prendem ao passado e às meias verdades escondidas em nossa alma; antigas crenças de como o mundo deveria nos tratar

– deixamos de viver o presente e passamos a reagir como faríamos em outros tempos, sem prestar atenção em nossas emoções e pensamentos

– não prestamos atenção em nada disso e, por consequência, não temos percepção real do que deveríamos modificar, em nós mesmos, para sermos mais felizes

 

Acompanhe essa série de publicações curtindo a nossa página!

curta-pagina