Neste momento de intensa transição planetária, quando grandes ondas de dor e comoção permeiam a grande consciência cósmica, nós, os felizes da Terra, não poderíamos mais nos fazer de surdos ou de incompetentes, como se fossemos aleijados mentais.

As pessoas alegam nada poderem fazer frente aos distúrbios que se multiplicam em função da intolerância e da falta de compaixão dos homens. Tudo acontece tão longe, não é mesmo?

Não ouvimos o barulho das bombas e não sentimos o cheiro da morte, e muito menos ouvimos o choro angustiado da dor das pessoas. Uma imagem aqui e outra ali comovem, mas são rapidamente esquecidas depois de uma breve prece ou apelo de piedade ao divino feitos por alguns. Quem sabe?

A maioria, todavia, apenas segue seu caminho tentando se livrar rapidamente das cenas perturbadoras correndo para as compras, festividades e preparativos para o natal.

Além de se esquecerem quem deveria ser o presenteado da ocasião, se esquecem também dos horrores pelos quais nossos pobres irmãos atravessam. Lá, tão longe que não precisamos sequer tapar os ouvidos para que nem um só sussurro de sofrimento nos alcance. Só não conseguimos, infelizmente, tapar os ouvidos de nossa alma.

Uma alma cada vez mais e mais indiferente, se tornando mais e mais incompetente para interferir no universo. Afinal, se nossas famílias estão bem, os problemas das famílias dos outros não são nossos, não é?

Nos preocupamos em matar milhares de animais para nossas festas, em gastar até o que não temos em presentes inúteis e que logo serão esquecidos no meio de tantos outros, mas não despendemos um instante sequer para aprender o amor fraterno que poderia sim fazer toda a diferença na dor que esta humanidade atravessa.

Nossa indiferença é assustadora. Vamos às igrejas, levantamos o olhar aos céus, fazemos as mesmas promessas de todo final de ano, redobramos nossos pedidos impacientes de bênçãos para todos e pronto. Obrigação cumprida. A seguir saímos apressados e cantarolantes para as comemorações.

E os que sofrem? Bem, isso a gente vê no ano que vem.

“Desliguem essa droga de TV que não quero ver a retrospectiva do ano”.

E assim vamos. Nem um momento de reflexão verdadeira. Nenhuma prece verdadeira. Nenhuma disponibilização de amor verdadeira além das fronteiras de nossos entes mais queridos.

Feliz natal? Para quem?

 

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