Voltando ao princípio
Antes de encerrar esta série enumerando as maneiras de colocar em prática tudo o que aqui foi falado, vamos voltar por um instante ao começo desta história. Vamos retornar a um post deste blog, que embora não pertença a esta série e sim ao tema “Para refletir”, resume bem a proposta de nos tornarmos mais conscientes de quem somos, única maneira real de sermos mais felizes.
A voz do coração ou de seus interesses?
Hoje em dia muitas pessoas estão convencidas que devem seguir o próprio coração, como se isso representasse uma legítima e inesperada liberdade de expressão. É quase como se fosse algo inteligente. Ultrapassar a mente e a razão para ouvir o eu interior está sendo considerado nos últimos tempos como tesouro de grande elevação.
“Seja você mesmo!” _ nos grita o coração a toda hora, especialmente nas horas que estamos sendo contrariados ou instados a cumprir deveres e rumos impostos pela sociedade organizada ou, simplesmente, pelos outros. Imposições que vão desde os grandes eventos que contemplam, por exemplo, regras de trânsito, onde as consequências de nossos atos podem atingir a muitos, até chegar às pequenas contendas domésticas.
Somos condicionados pelos acontecimentos do passado
No fundo, o ser humano tem grande dificuldade em abrir mão de suas convicções e, principalmente, de seus condicionamentos. Desta maneira seu comportamento costuma ser decorrente de um aprisionamento em meias verdades, próprias ou compartilhadas, mesmo que a esse cárcere privado ele chame de liberdade.
Não percebe que muitos pensamentos são gatilhos que só servem mesmo para apertar os grilhões de sua alma, como por exemplo:
“Só os tolos andam nessa velocidade nesta estrada”
“Ninguém manda em mim”
“Vocês são todos uns ridículos”
“Como ousam achar que isto ou aquilo é o melhor?”
“Ninguém me entende”
E assim por diante.
Somos manipulados pelos acontecimentos do presente
Nos dias atuais somos incitados, a todo momento, especialmente através de redes sociais, a assumir, inadvertidamente, determinadas posições que nos mostram como não deixar que ninguém tome as rédeas de nossa vida. O que o indivíduo não percebe, todavia, que ocultas no bojo dessas inúmeras e, aparentemente, admiráveis mensagens que respondem a seus anseios, estão outras tantas ordens ou determinações subliminares que fingem engrandecer seu espírito e seu livre arbítrio.
O ser vai se tornando seu próprio carcereiro, apesar do aparente glamour com o qual é seduzido a achar que precisa dar ouvidos à sua alma, aquela coisa maravilhosa e esquecida que clama por liberdade. Esta última, no entanto, está irremediavelmente perdida a partir do momento que passa a reproduzir antigos e ultrapassados padrões, seus ou de outros, sem passá-los pelo crivo da razão ou do bom senso.
Somos irracionais e não sabemos quem somos de fato
Será mesmo que esse mundo interior, que tanto nos cobram exteriorizar, do qual nossas emoções, atitudes e sistema de crenças são simples cópias mal-acabadas, é tão cheio de virtudes, sabedoria e verdade?
Será que a tal voz do coração é isenta de nossos defeitos, interesses e de quem realmente somos? Ou será que, ao darmos ouvidos às nossas verdades secretas, tão exaltadas e engrandecidas pelas falas anônimas que nos cobram uma atitude, como se com elas pudéssemos contar quando tudo der errado, não é apenas uma maneira de fazermos valer nossos próprios desejos de forma mais ou menos egoísta?
A verdade ou o coração?
É sempre interessante lidar com a verdade e refletir. Por via das dúvidas também é sempre bom saber primeiro quem somos antes de ouvir a tal voz do coração. Você sabe quem você é? Saberia enumerar seus defeitos? Porque se não sabe ou finge que não sabe, vai sofrer e se dar mal deixando que essa voz guie sua vida. Quando ouvir seu coração e encontrar somente o que lhe convém, desconfie.
Resumo:
– tem certeza que consegue ouvir seu coração sem influência de seus defeitos e interesses?
– está também convicto que não está sendo influenciado a ser o que você já foi e não é mais?
– quando ouvir seu coração e encontrar somente o que lhe convém, desconfie, porque isto só lhe trará sofrimento
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